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Intolerância à lactose e supercrescimento bacteriano do intestino delgado

equipe nuvem medicina 10

Vera Ângelo Andrade

Neste artigo, conheça em detalhes os métodos diagnósticos da intolerância à lactose e do supercrescimento bacteriano do intestino delgado.

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As intolerâncias alimentares, como intolerância à lactose, têm se tornado um tema cada vez mais relevante, o que estimula estudos e melhora as abordagens. Gases, inchaço, distensão, dor abdominal e diarreia são sintomas gastrointestinais comuns que podem permanecer inexplicáveis após endoscopia de rotina, exames de imagem, bioquímicos e de fezes.

Muitas queixas que antes permaneciam sem diagnóstico e com tratamento apenas para controle sintomático, agora estão sendo devidamente identificadas, com tratamento adequado e melhora da qualidade de vida do paciente. Esses pacientes devem ser avaliados para supercrescimento bacteriano do intestino delgado e/ou intolerâncias alimentares mais frequentes, à lactose e frutose. 

O que é intolerância à lactose? 
A lactose é um açúcar dissacarídeo, presente em produtos lácteos. A intolerância à lactose é uma síndrome clínica caracterizada por distensão abdominal, flatulência, diarreia e dor devido à má absorção de lactose e decorrente da deficiência da enzima lactase, que quebra a lactose em D-glicose e D-galactose. Se não for absorvida, a lactose atinge o cólon, onde é fermentada por bactérias que produzem hidrogênio, metano e outros gases, podendo causar sintomas abdominais e a síndrome clínica observada na intolerância à lactose.  

Nem todos os pacientes com deficiência de lactase desenvolvem sintomas, e seu aparecimento também é influenciado por outros fatores, incluindo a quantidade e forma de consumo de lactose (leite vs. queijo), o grau de deficiência da enzima ou mecanismos compensatórios, como uso da lactase. 

A prevalência de intolerância à lactose varia entre diferentes grupos étnicos. A prevalência é de 15% nos caucasianos, 53% nos hispânicos, 80% naqueles com ascendência africana, 70% nos indianos e 90% nos japoneses. Globalmente, é a causa mais comum de intolerância alimentar, sendo que 65% dos adultos têm alguma diminuição na atividade da lactase após a infância.  

Pacientes com intolerância à lactose têm escores de qualidade de vida mais baixos e muitos evitam a lactose mesmo sem diagnóstico adequado, o que pode levar a efeitos a longo prazo tais como, deficiência na aquisição de massa óssea, perda de densidade mineral óssea e fratura de risco osteoporótico. Pacientes sabidamente intolerantes à lactose podem desenvolver supercrescimento bacteriano do intestino delgado. 

Diagnóstico de intolerância à lactose 
Os testes diagnósticos recomendados para intolerância a lactose estão apresentados na tabela a seguir. 

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Há, ainda, o teste sanguíneo de tolerância a lactose, utilizado amplamente em nosso meio, pelo custo acessível e alta disponibilidade, que consiste em administração de dose oral (50g de lactose) e dosagens de glicemia em jejum, 30, 60 e 90 min após a ingesta do substrato. O teste é positivo se há sintomas intestinais e aumento de menos de 20mg/dL no nível sérico de glicose acima do valor obtido em jejum. Tem a desvantagem de ser uma dosagem indireta da intolerância, com resultados falsos-positivos em 20% dos casos.  

Como tratar 
O principal objetivo é tratar e prevenir sintomas digestivos. O primeiro passo é a educação sobre a intolerância à lactose juntamente com exclusão/redução de produtos contendo lactose (por exemplo, leite de vaca e cabra, queijos, etc.). Muitos pacientes podem tolerar até 12-15 g de lactose por dia. A terapia de reposição da enzima lactase também pode ser útil. O uso de probióticos não está indicado de rotina. 

O que é supercrescimento bacteriano do intestino delgado? 
A disbiose do intestino delgado é cada vez mais reconhecida como uma causa comum de sintomas gastrointestinais e envolve várias infecções, como Supercrescimento bacteriano do Intestino Delgado, supercrescimento fúngico (SIFO) e intestino delgado supercrescimento metanogênico (SIMO). 

O supercrescimento bacteriano é caracterizada pela presença de um número excessivo de bactérias ou metanógenos no intestino delgado causando sintomas gastrointestinais, como inchaço, distensão abdominal, flatulência, desconforto, diarreia, constipação e perda ponderal. Esses sintomas são prevalentes em mais de dois terços destes pacientes. Não há um sintoma específico que a caracterize.  

O intestino delgado normal tem baixíssima concentração bacteriana e é regulado por vários mecanismos para garantir esse ambiente, mas a perda de um ou mais fatores pode resultar em disbiose com alteração microbiana. Fatores de risco independentes para disbiose intestinal incluem dismotilidade do intestino delgado, cirurgias prévias do Trato Gastrointestinal (incluindo colectomia, cirurgia bariátrica e síndrome da alça cega), uso de Inibidores de bomba de prótons e de opióides e/ou anormalidades estruturais (diverticulose do intestino delgado, esclerodermia e pseudo-obstrução intestinal). 

Diagnóstico de supercrescimento bacteriano do intestino delgado 
O diagnóstico é melhor realizado através de teste de respiração de hidrogênio/metano e/ou aspirado de intestino delgado e cultura. Existem outros métodos, disponíveis demonstrados na tabela abaixo:

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Como tratar 
O tratamento da Supercrescimento bacteriano tem como objetivo a erradicação das bactérias no intestino delgado. Rifaximina ou metronidazol são opções terapêuticas segundo a literatura, mas os sintomas podem reaparecer mesmo após um tratamento bem-sucedido. Outras terapias, como probióticos, dietas terapêuticas e fitoterápicos têm sido utilizados, mas ainda carecem de comprovação científica.

Referências bibliográficas:

Ghafoor A, Karunaratne T, Rao SSC. Bacterial overgrowth and lactose intolerance: how to best assess. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2022 Sep 1;25(5):334-340 
Swagerty DL Jr, Walling AD, Klein RM. Lactose intolerance. Am Fam Physician. 2002 May 1;65(9):1845-50.

Este conteúdo foi produzido pela PEBMED em parceria com a Dra. Vera Lucia Angelo Andrade e Danielle Martins Fernandes e Souza, de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal PEBMED.

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Vera Ângelo Andrade

Graduação em Medicina pela UFMG em 1989, Residência em Clínica Médica/Patologia Clínica pelo Hospital Sarah Kubistchek, Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, Especialista em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein, Mestre e Doutora em Patologia pela UFMG,Sócia proprietária da Clínica Nuvem Medicina BH.

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