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H. pylori

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Disfagia secundária à clozapina: uma relação negligenciada

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Estomatite aftosa, ainda um desafio terapêutico.

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Estomatite aftosa, ainda um desafio terapêutico.

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Vera Ângelo Andrade

Tempo de Leitura: 4 minutos

A estomatite aftosa é uma afecção patológica desafiante não só para clínicos, como para gastroenterologistas e dentistas. Tem elevada prevalência, podendo acometer 30% da população mundial e a resposta terapêutica nem sempre eficiente. Quando esta afecção é recorrente denomina-se Ulceração aftosa recorrente, forma Maior ou Síndrome de Sutton. Sua etiopatogênese ainda não está totalmente elucidada, sendo que as lesões podem surgir espontaneamente ou após mínimo trauma. Outros fatores predisponentes além de trauma, são estresse e alimentos, tais como: condimentados, chocolate e produtos contendo glúten.

estomatite aftosa

As lesões aftosas podem ser classificadas em: 

Forma Menor: é a forma mais prevalente, perfazendo 80% dos casos. As lesões são únicas ou múltiplas, com diâmetro de até um centímetro e pouco dolorosas. Acometem principalmente mucosa bucal, lábios e palato mole. Desaparecem espontaneamente em até duas semanas e não deixam cicatrizes

Forma Maior ou Síndrome de Sutton: perfazem 10-15% dos casos. Lesões são maiores que um centímetro de diâmetro. A cicatrização é mais lenta, durando até seis semanas. Costumam deixar cicatrizes. Diferentemente da forma Menor, essa acomete qualquer região da mucosa bucal.

Forma Herpetiforme: mais rara, acometendo 5-10% dos casos. As úlceras são puntiformes e múltiplas, em geral de 1 a 3 mm, podendo coalescer, lembrando as lesões do herpes simples. Acometem qualquer região da boca. Desaparecem em até 14 dias e não deixam cicatrizes.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, com anamnese e exame detalhado da cavidade oral. Traumas por aparelho ortodôntico, dentes pontiagudos e/ou quebrados ou próteses devem ser pesquisados. Doença celíaca, Doença de Crohn ou de Behçet, devem ser excluídos. Esta última apresenta também úlceras vaginais.  Interessante destacar que a Ulceração aftosa recorrente é rara em fumantes por apresentarem mucosa espessada ou metaplasia escamosa. Imunossupressão, deficiências de ferritina, vitamina B12 e/ou ácido fólico precisam ser avaliadas. A história familiar é muito relevante, uma vez que a Ulceração aftosa recorrente é mais prevalente em parentes de primeiro grau.

Exame da cavidade oral pode mostrar lesões ulceradas, arredondas ou ovaladas, na mucosa jugal, palato e no dorso da língua, com bordas hiperemiadas, algumas maiores, com fundo brancacento, as vezes com aspecto necrótico e dolorosas. As imagens abaixo ilustram aspecto macroscópicos de lesões aftosas.

AFTOSA

Fonte: banco de imagens da autora.

Após o correto diagnóstico, o desafio é a intervenção terapêutica. Deficiências nutricionais devem ser corrigidas e caso existam condições específicas como doença celíaca, a dieta sem glúten deve ser instituída.

Para o tratamento tópico há várias opções terapêuticas, tais como:

Albocresil® Associação de produtos. Polioxietileno, alquiléter, butilhidroxitolueno, macrogol, edetato dissódico e dióxido de silício. Regenera o tecido lesado, promovendo a cicatrização por meio do aumentar a circulação na área afetada. Apresenta, também, ação antimicrobiana.

Amlexanox 5% ®. Agente anti-inflamatório e antialérgico. Acelera a cicatrização da úlcera e reduz o tempo para resolução da dor em quatro grandes estudos de eficácia.

Corticosteroide tópico. Considerado o principal arsenal terapêutico ao inibir a resposta inflamatória locas. Ex: triancinolona em orabase, dexametasona elixir, triancinolona tópica 0.1% e dipropionato de clobetasol.

Gingilone® Acetato de hidrocortisona, sulfato de neomicina (antibiótico bactericida),  troxerrutina ( reduz a fragilidade e a permeabilidade capilar), ácido ascórbico (age na síntese do colágeno e no processo de cicatrização) e  benzocaína possui (anestésico).

Hexomedine®. Isetionato de hexamidina que apresenta propriedades antisséptica e tetracaína um anestésico local.

Malvatricim®Tirotricina + Sulfato de Hidroxiquinolina. Este composto age como antisséptico e anestésico local. A solução deve ser utilizada exclusivamente por via tópica, através de bochechos ou gargarejos.

Sucrafilm®. O sucralfato liga-se às proteínas de cargas positivas através da formação de um gel que adere à mucosa, protegendo contra ácidos, a pepsina e os sais biliares, auxiliando na cicatrização.

Alternativas

Ozonioterapia. O Ozônio é um gás com três oxigênios em sua estrutura. Extremamente oxidante, reage com o ácido graxo da parede celular dos microrganismos, lesando a parede e assim diminuindo o risco de infecção da lesão aftosa. O foco principal do ozônio na célula animal é a mitocôndria, aumentando a produção de trifosfato de adenosina (ATP). Dessa forma acelera o metabolismo celular atuando diretamente na cicatrização e o reparo das condições inflamatórias. Seu efeito bactericida, viricida e fungicida tem sido comprovado por vários autores. A dificuldade em relação a utilização do ozônio em tratamentos da estomatite aftosa é que este gás deve ser incorporado ao óleo para ser utilizado diretamente sob a lesão, apresentando assim liberação gradual dos agentes terapêuticos.

Outras opções terapêuticas seriam laserterapia, reposição de vitamina B12, ácido fólico, Zinco e/ou antifúngicos associados com pomada de orabase. Alguns autores indicam o uso de probióticos, porém estudos mais consistentes ainda precisam ser realizados.

Mensagem final

Concluímos que, a estomatite aftosa recorrente é muito prevalente. Doença de Behçet, imunossupressão, deficiências de ferritina, de vitamina B12 ou de ácido fólico, doenças intestinais inflamatórias e doença celíaca, fazem parte do diagnóstico diferencial.  O tratamento da aftose de repetição ainda é um desafio; sendo que os corticóides tópicos são os principais agentes terapêuticos.  A laserterapia e a ozonioterapia surgem como interessantes opções terapêuticas.

Figura 2 – Mecanismo de ação dos probióticos

Em conjunto com: Marçal Luís Leão Santos¹

¹Cirurgião dentista pela Faculdade de Odontologia da UFMG. Mestre em prótese dentária. Especialista em Halitose. Doutorando em bioengenharia com concentração em Ozonioterapia pela Universidade Anhembi-Morumbi-SP.

Referências bibliográficas:

  • Costa GBF, Castro JFL. Etiologia e tratamento da estomatite aftosa recorrente. Revisão de literatura. Medicina (Ribeirão Preto) 2013; 2013;46(1):0
  • Sino J Amlexanox para o tratamento de úlceras aftosas recorrentes. Clin Drug 2005; 25 (9): 555-66
  • Volkov I, Rudoy I, Freud T, Sardal G, Naimer S, Peleg R. Effectiveness of Vitamin B12 in Treating Recurrent Aphthous Stomatitis: A Randomized, Double-Blind, PlaceboControlled Trial. JABFM. 2009;22:9-16. 52.
  • Yasui K, Kurata T, Yashiro M, Tsuge M, Ohtsuki S, Morishima T. The effect of ascorbate on minor recurrent aphthous stomatitis. Acta Paediatr. 2010;99:442-5
  • Wardhana EAD. Recurrent aphthous stomatitis caused by food allergy. Acta Med Indones. 2010;42:236-40.
  • BulasMed: Bulas de Medicamentos. Disponível em www.bulas.med.br. (acesso junho 2020).

Publicação: Pebmed

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Vera Ângelo Andrade

Graduação em Medicina pela UFMG em 1989, Residência em Clínica Médica/Patologia Clínica pelo Hospital Sarah Kubistchek, Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, Especialista em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein, Mestre e Doutora em Patologia pela UFMG, Sócia proprietária da Clínica Nuvem Medicina BH.

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